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Entre a Eficiência e a Segurança Jurídica

  • Alexandre Gabriel Fontenelle
  • 27 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de jul.



Planejamento Tributário como Estratégia Competitiva — Entre a Eficiência e a Segurança Jurídica


Em um país com uma das legislações tributárias mais complexas do mundo, o planejamento tributário deixou de ser uma alternativa e se tornou uma necessidade estratégica para a sobrevivência e competitividade das empresas. Diferenciar-se por meio da eficiência operacional já não é suficiente: a elisão fiscal segura pode representar o diferencial de rentabilidade entre o sucesso e o fracasso de um produto.


Evasão Fiscal x Elisão Fiscal: Entenda a Diferença


Antes de qualquer análise, é fundamental compreender a distinção entre dois conceitos centrais:


  • Evasão fiscal: prática ilícita, em que a empresa omite ou manipula informações com o objetivo de não pagar tributos devidos. É crime, previsto no Código Tributário Nacional e na legislação penal, sujeitando o contribuinte a sanções civis e penais, incluindo multas de até 150% do tributo devido, além de juros de mora e até pena de reclusão.

  • Elisão fiscal: prática lícita, que consiste em estruturar operações dentro da legalidade, utilizando alternativas previstas na legislação para reduzir a carga tributária. É uma ferramenta legítima de gestão que exige conhecimento técnico, respaldo jurídico e prudência na aplicação.


A Importância da Elisão Fiscal no Cenário Competitivo


Em mercados de margens estreitas, como o varejo e o setor de alimentos, a economia gerada por uma elisão fiscal bem estruturada pode ser exatamente a margem de lucro do produto. Em outras palavras, sem um planejamento tributário eficaz, o negócio pode ser inviável economicamente.


É o caso de estruturas simples, mas poderosas, como:


  • Combo da rede McDonald's, onde o refrigerante, ao ser vendido junto com o lanche e a batata, pode se beneficiar de uma tributação diferenciada da substituição tributária, reduzindo a carga total da operação.

  • Bombons tributados como “wafer”, situação explorada por algumas indústrias para aplicar um NCM com alíquota mais baixa, gerando economia expressiva no custo final do produto. Ainda que esse tipo de estratégia precise ser cuidadosamente analisada para evitar o risco de reclassificação fiscal e penalizações.


Planejamento Tributário: Um Fator Decisivo de Sucesso


Num ambiente em que a carga tributária brasileira pode ultrapassar 35% do PIB, planejar é sobreviver. A forma como uma empresa organiza sua cadeia logística, classificação fiscal de produtos, regimes de tributação e estrutura de operações interestaduais pode significar a diferença entre ser competitivo ou não.

Por esse motivo, muitas empresas buscam regiões conhecidas como "paraísos fiscais" dentro do próprio Brasil. Um exemplo emblemático é o município de Extrema-MG, que atraiu gigantes do e-commerce por oferecer:


  • Redução do ICMS via incentivos fiscais legais;

  • Proximidade com centros consumidores como São Paulo e Rio de Janeiro;

  • Benefícios amparados na Lei Complementar 24/1975 e na jurisprudência do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária).


Esses incentivos, se utilizados corretamente, contribuem para estruturas fiscais eficientes e seguras, dentro dos limites do ordenamento jurídico.


Elisão Fiscal com Segurança: O Caminho Responsável


A busca por redução de carga tributária deve ser feita com responsabilidade e segurança jurídica. Estratégias baseadas em teses frágeis ou pouco pacificadas podem se transformar em grandes passivos no futuro.

Por isso, é fundamental:


  • Evitar seguir teses de terceiros sem embasamento jurídico sólido;

  • Realizar consultas formais à Receita Federal ou Secretarias de Fazenda estaduais (art. 48 da Lei nº 9.430/96), o que garante segurança jurídica e evita autuações posteriores;

  • Ter conhecimento dos percentuais de multas:

    • Multa de ofício: 75% do valor do tributo;

    • Multa agravada (em caso de fraude ou dolo): 150%;

    • Juros de mora com base na Selic acumulada;

    • Penalidades criminais (art. 1º da Lei nº 8.137/90).



Podemos concluir que a elisão fiscal é mais do que uma prática contábil — é uma estratégia de gestão. Quando realizada de forma segura, planejada e com suporte técnico especializado, ela proporciona vantagem competitiva legítima, reduz riscos e aumenta a sustentabilidade do negócio.


No Brasil, onde a burocracia tributária é um desafio constante, empresas que conseguem unir eficiência operacional e inteligência tributária estão à frente. É justamente essa capacidade que permite transformar um simples bombom ou um refrigerante em um case de sucesso financeiro e estratégico.


 
 
 

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